Thursday, January 18, 2007

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A quoi penses-tu, Séverine?


Quinta-feira, Janeiro 18
Brief Notes on Body Rice


1. Cinema português, boy, I don't know...

2. O que fascina em Body Rice é, evidentemente, a determinação. Sobretudo se confrontada com a perdição que retrata. A determinação de Hugo Vieira da Silva é total. Há uma força que impele a câmara e que nunca percebemos muito bem qual é. Tamanha força não pode ter muitas motivações e o leque em que nos movemos restringe-se: há, parece-me uma paixão, pelas personagens, sobretudo por Katrin. Mas essa paixão é igualmente por contar uma história, silente, calando e acompanhando. Deixando que a história se conte por si. E esse é o grande privilégio do cinema. Por contraposição a La Maman e la Putain, que aqui se usa como expoente do cinema falado, este Body Rice de Vieira da Silva é o cinema olhado, mas não mudo, bem longe disso. As palavras existem neste filme como despojos, vitualhas que alimentam os dias, os espaços vazios, que sustentam de forma ténue as existências que vamos acompanhando.

3. Mas não há só paixão, há também um fascínio pelo desmoronar das vidas e pela sua (promessa/possibilidade de) reconstituição.

4. A miúda que brinca com o Rottweiller entrou para o meu panteão de divindades pessoais.

5. O simbiose entre o Alentejo de Body Rice e as suas raves é muito interessante. Sobretudo como paradigmas de alienação. Mais. Como alegorias e, ao mesmo tempo, exercícios de alienação. Aliás, este é um belíssimo filme sobre a perdição no sentido de alienação. Um dionisismo negro. As raves parecem aparecer, assim, como um único momento genuíno, em que as pessoas ganham sentido.

6. Xmal Deutschland sempre.DM

www.noite-americana.blogspot.com

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